No domingo 12/06/11, num frio danado, às 5h da manhã, em pleno dia dos namorados, acordei para uma tarefa aparentemente ingrata: correr. Mas não era uma simples corrida, era ‘apenas’ a minha estreia em corridas de rua. E para piorar tudo, eu mal havia treinado para poder me preparar. Apesar do temor em fracassar por não haver treinado o suficiente, mesmo assim fui encarar os 5 km que seriam disputados no Parque do Trote, na Vila Guilherme, zona Norte de São Paulo. Talvez, meu maior incentivo tenha sido não decepcionar a todos a quem falei que iria correr; principalmente os familiares, e a meu mestre e incentivador, Vicent Sobrinho.
Acompanhado de minha namorada, cheguei no parque às 7h10, sendo que a competição teria início às 8h. O frio parecia ter aumentado. Por isso, resolvi me alongar e fazer o aquecimento apenas quando faltavam 15 minutos para o início da prova. O local estava repleto de pessoas que iriam correr os 5k ou fazer a caminhada de 2,5km, eventos do Circuito Popular de Corrida de Rua, realizado em várias subprefeituras da cidade pela Prefeitura de São Paulo. Por volta das 8h, finalmente a organização da prova ordenou que os corredores se posicionassem na linha de largada.
Não tentei me posicionar entre os primeiros da fila porque minha intenção era correr o tempo todo num ritmo moderado, sem querer fazer disputas iniciais com os mais velozes. Finalmente foi dado o sinal para largar e, pela primeira vez, senti a sensação de disputar uma corrida. Já pratiquei vários esportes em meus 24 anos de vida, como a capoeira, tênis, vôlei, basquete e principalmente futebol, entre outros. A sensação de correr é bem diferente de todos essesExaustão na chegada. esportes. Na corrida, você tem que superar a si mesmo, se desafiar, para depois, quem sabe, superar as outras pessoas. E sem dúvida, eu estava me desafiando naquele momento. Era mais um entre 2 mil corredores, e só pensava em manter um ritmo constante e esquecer que havia fracassado em um treino no dia anterior, quando corri apenas 2,5 km, tentando me preparar para a prova.
Analisando agora, percebo que meu início foi até puxado, num ritmo bom, se comparado ao restante da prova. Nos dois primeiros quilômetros, fui muito bem. Porém, a partir daí, o percurso nos levou até o asfalto de uma rua vizinha ao parque, onde passei a correr mais lentamente. Comecei a sentir cansaço e a torcer para encontrar a placa que marcaria 3°km; o que não aconteceu. Ao contrário dos dois primeiros quilômetros, a placa de 3km não foi colocada. Na sequência, com alívio, já de volta ao piso de terra de dentro do parque, avistei a placa de 4km. Nesse momento, eu estava num ritmo lento e um corredor passou por mim e perguntou se já íamos para o último quilômetro. Respondi afirmativamente e, vendo que ele estava marcando o tempo em seu relógio, não resisti e perguntei quanto minutos de corrida já haviam transcorrido. Ele me respondeu que já estávamos com 19min. de prova, e passou a correr num ritmo que não consegui acompanhar.
Último quilômetro. Ao ultrapassar a placa de 4km, um misto de alegria (pois sabia que completaria a prova) com lamentaçãoMinha primeira medalha. (um pensamento de ‘poderia ter feito ainda melhor se tivesse treinado mais’), dominou minha mente. No 4°km, corri os 700 metros iniciais lentamente, pois estava muito cansado, apesar de não suar copiosamente – graças ao frio, imagino. Quando faltavam uns 300 metros, dois corredores me ultrapassaram. Um deles disparou, e era impossível alcançá-lo. O outro estava quase no mesmo ritmo que eu, e tratei de fazer um esforço final e correr o máximo que pude para ultrapassá-lo; e ufa, consegui!
Completei a prova em 23min11s, e fiquei na 306° colocação no geral, com o 26° melhor tempo na categoria 25 a 29 anos. O vencedor da prova cruzou os 5km em 15 minutos. Antes da corrida, imaginei que, se não desistisse, faria a prova num ritmo de 5min. por km. Porém, tudo saiu melhor que o planejado. Após o último esforço, cruzei a linha de chegada, levantei as mãos para o alto e pensei comigo mesmo: consegui! Em seguida, dei um beijo e um abraço em minha namorada, que usou alguns atalhos no parque para me fotografar durante a corrida.
Estava exausto, mas feliz! Após uns 5 minutos para recuperar o fôlego, me levantei e fui buscar minha primeira, sofrida e sonhada medalha de participação. Ela é linda! Mais bela que qualquer uma que eu tenha recebido no futebol. Que seja só a primeira. Que venham muitas outras.
Por Tiago Araújo